A morte repentina de Conceição dos Santos da Silva, de 34 anos, após um procedimento odontológico considerado simples, causou comoção e indignação na cidade de Macaíba, no Rio Grande do Norte. A dona de casa faleceu na segunda-feira (26), após passar mal durante a extração de uma raiz dentária na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Cidade Campestre.
Segundo o marido, George Silva da Cruz, Conceição era saudável e não apresentava histórico de doenças que indicassem riscos. No entanto, durante o atendimento, ela começou a sentir fortes dores de cabeça, náuseas e vômitos. Medicada com dipirona e Plasil, a situação se agravou rapidamente.
“Ela foi para um procedimento simples e não voltou pra casa. É uma dor que não tem explicação”, disse o viúvo, inconformado.
Demora no socorro e transporte improvisado
Diante do agravamento do quadro e da demora do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), profissionais da UBS optaram por transportar Conceição por conta própria, usando um carro da prefeitura até a UPA de Nova Esperança, em Parnamirim.
No local, ela foi entubada e submetida a manobras de reanimação, mas não resistiu. O SAMU afirmou que chegou ao local 19 minutos após o chamado, mas que a paciente já havia sido levada por terceiros.
A Prefeitura de Macaíba divulgou nota dizendo que o atendimento foi ágil e que o SAMU foi acionado imediatamente. Porém, o relato da família aponta falta de estrutura na UBS, inclusive com compra de materiais básicos por parte dos familiares durante o atendimento emergencial na UPA.
Investigação e apuração da causa da morte
O corpo de Conceição foi levado ao Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP), onde passará por exames que devem esclarecer se houve reação alérgica aos medicamentos, erro médico ou negligência.
A mulher deixa duas filhas pequenas e uma família em estado de choque. O viúvo afirma que buscará respostas na Justiça.
“Minha esposa saiu de casa caminhando, sorrindo. Ela confiava no atendimento público. Agora estou sozinho com duas filhas e sem nenhuma explicação do que aconteceu”, lamentou George.
Reflexão sobre a precariedade da saúde pública
O caso expõe mais uma ferida aberta no sistema público de saúde brasileiro, especialmente nas áreas mais vulneráveis. A ausência de protocolos de emergência eficazes, demora no socorro especializado e a necessidade de improviso em atendimentos básicos revelam o quanto vidas seguem sendo colocadas em risco por falta de estrutura e planejamento.
0 Comentários